História de Porto Belo
Primeiros habitantes – cerca de 3.000 AC até 1.500 DC
Provenientes das barrancas do rio Uruguai – que nasce em Barracão/PR, separa Santa Catarina do Rio Grande do Sul e divide o Brasil da Argentina -, pequenos grupos de índios coletores e caçadores da nação tupi-guarani perambulavam pelo território que atualmente é o de Santa Catarina. Os índios que aqui viviam foram chamados pelos portugueses de “carijós”.
O primeiro viajante a avistar índios no litoral catarinense foi um francês, BINOT PALMIER DE GONNEVILLE, em 1504, que após viver 6 meses entre os índios, levou o filho do chefe da tribo local – Iça Mirim, com 14 anos de idade -, para a França, com a promessa de trazê-lo de volta em 20 luas. Mas o naufrágio do seu navio “Esperança” o impediu de cumprir a palavra empenhada.
Iça Mirim casou-se com a filha de BINOT e tornou-se homem de grande importância e cultura na França, tendo recebido o título de Barão. Morreu aos 96 anos.
Colonização
Apesar de ter descoberto o Brasil em 1.500, Portugal não se interessou muito pela descoberta naquele momento, preferindo continuar lucrando apenas do comércio com o Oriente. Por consequência, franceses, holandeses e espanhóis eram os que mais aportavam em terras catarinenses – em direção ao rio da prata onde exploravam ouro e outros metais preciosos -, pois as baías e enseadas aqui existentes, em especial a de PORTO BELO, permitiam o reabastecimento de mantimentos e víveres, além do conserto das embarcações.
Desse modo, depois dos índios, os próximos habitantes de PORTO BELO foram náufragos e desertores de diversas nacionalidades.
1507
O veneziano SEBASTIÃO CABOTO, fundador da Ilha de Santa Catarina e que lhe deu este nome por ter lá aportado no dia dedicado a Santa Catarina de Alexandria (25/11) – apesar de alguns historiadores afirmarem que o nome fora dado em homenagem a mulher de CABOTO chamada CATARINA MEDRANO -, fundou a enseada de Zimbros e a denominou São Sebastião. CABOTO estava a serviço da Espanha e levou consigo para a Europa quatro filhos de chefes indígenas locais.
1531
Devido ao enfraquecimento do comércio com o Oriente e visando povoar e organizar a colonização do Brasil, DOM JOÃO III entregou 5 naus e 400 homens ao comando de MARTIN AFONSO DE SOUZA, a quem deu o título de “Capitão-Mor da Armada e Governador das terras que achar”, e amplos poderes para governar e julgar, inclusive para aplicar a “pena de morte sem apelo nem agravo”.
A Capitania de Santana, na qual se incluía PORTO BELO, foi entregue ao irmão de Martin, PERO LOPES DE SOUZA, o qual, contudo, não chegou a tomar posse das terras porque poucos anos depois morreu num naufrágio nas Índias, nem seus herdeiros, que travaram batalhas judiciais com os herdeiros de MARTIN AFONSO DE SOUZA, até que as terras retornaram à Coroa Portuguesa.
1703
Dos registros que se tem, DOMINGOS DE OLIVEIRA ROSA teria sido o primeiro a estabelecer-se na então já denominada Enseada das Garoupas (atual PORTO BELO) para garimpar ouro, mas em seguida desistiu porque as jazidas eram tão pobres que sequer o sustentavam.
1753
O governo português fundou um povoado nestas terras, enviando 60 casais vindos das ilhas dos Açores, mas o seu crescimento foi lento e difícil, devido às dificuldades com o clima, aos ataques dos espanhóis e de índios, e ainda por estar longe do centro administrativo da Capitania de Santa Catarina.
1818
O povoado da Enseada das Garoupas foi elevado à condição de Colônia, com o nome de “Nova Ericeira”, devido ao fato de que 101 pessoas foram trazidas de uma colônia de pescadores de Ericeira (Portugal) para darem início à atividade pesqueira na região.
Mas o novo nome não pegou, e a localidade continuou sendo conhecida como Enseada das Garoupas.
1824
A Enseada das Garoupas é elevada a condição de freguesia.
1832
A grande concentração de moradores na Enseada das Garoupas, a existência de duas Escolas, um cirurgião, um Posto Militar e de uma Igreja, fez do local um importante centro entre São Francisco e Desterro, principalmente por possuir um dos melhores portos da região, o que era de grande importância na época, já que a maioria dos deslocamentos era feita pelo mar.
Em 13 de outubro de 1832 a enseada passou a denominar-se Vila de PORTO BELO, nome que surgiu devido à beleza e à tranquilidade de suas águas.
Em 13 de dezembro de 1832 foi criado o município de PORTO BELO, desmembrado de São Francisco, e que na época englobava a região hoje pertencente ao município de BOMBINHAS, criado em 30 de Março de 1992.
A Comarca de PORTO BELO (circunscrição deste Cartório) abrange os municípios de PORTO BELO e BOMBINHAS.
CURIOSIDADES
Caixa D’Aço
O Coronel do Mar ROBERTO MAC DOUALL, comandante da esquadra portuguesa, refugiou-se com 11 navios na enseada de Caixa D’Aço para despistar a maior esquadra espanhola que já se formara em direção ao Rio da Prata – 116 navios e 920 bocas de fogo -, comandada pelo general D. PEDRO CEVALLOS CORTEZ E CALDERÓN que chegou a região em 17 de fevereiro de 1777. CEVALLOS vasculhou a área por dois dias, e, nada encontrando, rumou para Desterro (ilha de Santa Catarina), de onde expulsou os portugueses, tomou posse e ficou administrando a região até pacto do Tratado de Tordesilhas.
Após ter despistado os espanhóis, o comandante da esquadra portuguesa rumou ao Rio de Janeiro e considerou seu esconderijo tão seguro como se fosse uma caixa forte, uma caixa de aço. Daí a denominação do local que persiste até os dias atuais.
Perequê
Forma aportuguesada da palavra tupi-guarani “piraque” , que significa entrada de peixes para desova ou para se alimentarem.